Milhares de anos antes de Cristo, a atividade artesanal usando o barro já era praticada. Na cultura popular do Brasil, essa arte é muito representativa. Trata-se de uma herança deixada pelos índios.
O artesanato fito de barro, parte da ingenuidade e da sensibilidade do artesão, pois é algo produzido de maneira espontânea.
Desde tempos mais antigos, atraído pela maleabilidade do barro, o homem começou fazendo moldagens de utilitários, como panelas, vasos, cachimbos e itens decorativos. Desde a era primitiva, ele já vem empenhando-se em modelar o barro e polir pedras, para ilustrar e registrar a essência de si mesmo.
Alicerce do trabalho e da expressão artesanal, o barro está presente nas civilizações de inúmeras regiões do mundo.
Demais Tipos de Artesanato no Brasil
Considerado como um dos artesanatos mais ricos do mundo, o artesanato brasileiro é o sustento garantido de muitas comunidades e famílias. Parte do folclore, o artesanato revela costumes, tradições, usos e características da região onde é produzido.
Os mais antigos artesãos são os índios. Eles faziam uso da arte da pintura, usavam pigmentos naturais, a cerâmica, a cestaria e ainda a arte como os cocares, as tangas e outros tipos de vestimentas, que eram feitas com plumas e penas das aves.
Vamos conhecer, então, quais são os tipos de artesanato brasileiros além do artesanato usando barro:
- Entalhe na madeira
Os índios utilizam muito esse tipo de artesanato para construir utensílios, instrumentos musicais, bonecos, armas, embarcações e máscaras. Diversos artesanatos em madeira são produzidos inspirados no universo humano, na natureza e na fantasia.
Exemplos desse artesanato são as cabeças-de-proa, utensílios, como pilão, carrancas, gamelas, cocho, móveis rústicos e simples, as moendas, os toneis, os engenhos e as carroças. O maior artesanato produzido em madeira é o carro de boi, embora tenha algumas poucas peças em metal.
- Artesanato indígena
Em cada tribo indígena produz um tipo de artesanato. Geralmente as tribos usam um tipo de tinta natural, que é coletada das frutas e das árvores. A arte plumária e os adornos são alguns dos mais importantes trabalhos indígenas.
Na sua grande maioria, as tribos produzem a cestaria e a cerâmica. Os chocalhos e as flautas são usados pelos índios em rituais, ou como passatempo.
- Trançados e cestas
As redes, chapéus, esteiras, peneiras, balaios e outros, são artes de trançar fibras deixadas pelos índios. Os utensílios relacionados à decoração têm uma enorme variedade, como espessuras diferentes, formas geométricas, corantes e outros tipos de materiais.
O artesanato de cestas e traçados pode ser encontrado em diversas regiões do nordeste e norte do país como, no mato grosso, Pará, Bahia, Maranhão e Amazonas.
- Cerâmica e bonecos feitos com barro
O matuto possui uma imaginação muito fértil para criar. Utiliza o barro para criar beleza, prazer e arte, valendo-se do artesanato como renda para sobreviver. Artistas anônimos, os artesãos do barro estão espalhados nos sertões do nordeste e norte do Brasil.
A prática do artesanato feito de barro é muito intensa em vários municípios da região nordeste do Brasil, em particular na cidade de Pernambuco. É o tipo de artesanato que mais se desenvolveu no país. O seu desenvolvimento se deu em regiões onde a extração de matéria prima (barro ou argila) era mais fácil.
Nos mercados e feiras do nordeste, é o local onde há bonecos feitos de artesanato de barro que ilustram figuras típicas do local, como retirantes, músicos, cangaceiros, vendedores e rendeiras.
No estado do nordeste, vários grupos familiares se dedicam atualmente ao trabalho feito com o barro, que é de extrema importância para a cultura popular da região.
A tradição de moldar pessoas e cenas ilustradas por bonecos feitos em barro, consiste em uma arte que vem passando de uma geração para a outra, de pais para filhos, especialmente a arte da moldagem de bonecos.
As obras de Mestre Vitalino foram as principais responsáveis pela projeção da arte feita a partir do barro no Brasil. Mestre Vitalino inspirou artistas pernambucanos, como Zé Rodrigues e Zé Caboclo. O trabalho da arte do barro permanece no alto do Moura, na cidade de Caruaru (PE), um legado deixado por ele, e seguido pelos artistas da época, e de seus descendentes.
O pesquisador Gilmar de Carvalho, especialista na cultura e arte popular, relatou que o barro corresponde à matéria-prima usada para qualquer civilização e cultura. Ele ainda diz é bem curioso notar a forma que o homem se sente atraído por esse tipo de argila, assim como também pela elasticidade que ela possui.
Desde os vasos, utilitários de cachimbos, itens decorativos, urnas mortuárias e etc., em que a função estética estava sempre se sobressaindo quando em comparação com a usabilidade do item.
No entanto, a relação existente entre homem e barro fortaleceu-se também para um lado um tanto subjetivo. No esforço de desenhar a sua essência, a arte figurativa feita com o barro se separa do artesanato utilitário, e parte para outro rumo.
Por exemplo, das criações e experimentações do artista Rafael Brandão, juntamente com Mestra Nilvinha, surgiu projeto “A cerâmica Hermética”. O artista se hospedou na casa da mestra Nilvinha. Ele, então, utilizou o mesmo forno a lenha que Nilvinha usa para assar as panelas e os utensílios domésticos tradicionais, feitos de barro, para sustentar a sua família.
Dessa convivência, originaram-se as 12 esculturas. Mais conhecida pelo nome de Nilvinha, Mestra Quitéria Bispo nasceu em Lagoa da Canoa, no estado de Alagoas. No ano de 2013, por meio do Prêmio Culturas Populares, o Ministério da Cultura, premiou seis artistas alagoanos. Nilvinha foi uma artista premiada.
O projeto denominado “As quatro mãos”, visa capacitar, reformar e estruturar a Cerâmica Santa Rita, lugar onde Mestra Nilvinha cria as suas obras. Como de costume, é sentada ali no chão, que trabalha a matéria prima, onde amassa, molda e pisoteia o barro do qual irão surgir purrões e potes.
Esse projeto busca incentivar e dar continuidade para a produção artística da região, por intermédio de oficinas feitas para comunidade. Além de renovar o significado da cerâmica artística tradicional, a qual significa desde muito tempo, o sustento de uma comunidade inteira, que ainda resiste com enorme dificuldade.
O objetivo do projeto é a valorizar o artesão através de políticas públicas, e também privadas, incentivando a arte popular e a cultura.