Artesanato nada mais é do que a produção de objetos a partir de matéria-prima e trabalho manual. Por muitos séculos o trabalho artesanal foi a base para o desenvolvimento e sobrevivência humana. A mudança de status desse tipo de trabalho ocorreu com o advento da mecanização industrial. As máquinas passaram a realizar boa parte das atividades inerentes aos artesãos.
A mecanização fez com que o trabalho artesanal passasse a ser relacionado a produção de objetos da cultura popular. Hoje em dia o artesanato se configura numa produção própria em casa junto a família em que são realizadas todas as etapas de produção a partir de matéria-prima que pode ser natural ou proveniente de reciclagem. O artesanato pode ter viés popular, folclórico ou erudito. Continue lendo para entender um pouco melhor essa transformação de posicionamento.
Como Nasceu o Artesanato?
O artesanato tem uma história que acompanha paralelamente a história do ser humano uma vez que o homem sempre teve a necessidade de desenvolver ferramentas para auxiliar o seu dia a dia. Além das técnicas de produção manual serem utilizadas para confeccionar ferramentas também foram usadas para a criação de adornos e objetos focados na diversão das pessoas.
No século 19 o artesanato passou a ser realizado em oficinas em que aprendizes conviviam com um mestre artesão que os ensinava as técnicas. Enquanto aprendiam os jovens artesãos atuavam como mão de obra barata recebendo do mestre roupas e comida.
Os mestres criaram inclusive as chamadas Corporações de Ofício para a defesa dos seus interesses. Havia grande valorização do trabalho artesanal, algo que mudaria significativamente com a invenção da máquina movida a vapor por James Watt no ano de 1760.
Revolução Industrial e a Grande Mudança
O artesanato passou por uma grande desvalorização após o advento da Revolução Industrial que teve início na Inglaterra. Uma das principais mudanças promovidas pela industrialização foi a especialização do trabalho, ou seja, os trabalhadores não produziam nada por inteiro apenas realizavam uma tarefa repetitiva e em muitos casos nem sabiam como sua tarefa contribuía para o resultado final.
Os artesãos eram submetidos a jornadas de trabalho exaustivas e recebiam uma remuneração muito baixa. Embora muitos desses profissionais não desejassem trabalhar em fábricas não havia muita escolha, pois com sua produção artesanal dificilmente conseguiam competir com a produção em larga escala das fábricas.
O novo sistema de trabalho passou a ser chamado de linha de montagem. Intelectuais e artistas do século 19 faziam duras críticas a essa nova maneira de produzir. Um dos tópicos mais levantados por quem era contra essa forma de produção era a menor qualificação dos profissionais que realizavam as tarefas. Os profissionais não aprendiam mais a produzir algo.
O Insalubre Ambiente das Fábricas
Não existe outra forma de definir o ambiente de trabalho das fábricas do início da Revolução Industrial além de insalubre. Não havia preocupação em ventilar e manter limpo o local em que muitos trabalhadores passavam horas realizando uma atividade em repetição em troca de salários muito baixos e nenhum direito trabalhista reconhecido.
Não se fazia distinção entre homens, mulheres e crianças na linha de produção, todos trabalhavam da mesma forma. No entanto mulheres e crianças tinham um custo ainda mais baixo para os empregadores sendo uma das principais escolhas para compor o time de funcionários. Essa era uma situação desumana que levou a uma série de levantes no decorrer da história.
Grupo de Artes e Ofícios de William Morris
Na segunda metade do século 19, William Morris que era designer têxtil, fundou o grupo de Artes e Ofícios como uma tentativa de valorizar o trabalho artesanal enfrentando as transformações promovidas pela Revolução Industrial. Esse movimento é tido como um grande marco para o setor de design de superfície permitindo que o trabalho do designer de padronagens fosse mais valorizado.
William Morris
Artesanato Indígena: Um dos Mais Ricos do Mundo
Os índios podem ser entendidos como os artesãos mais antigos do Brasil, afinal quando os europeus chegaram por aqui esses povos tinham grande tradição na produção de peças manuais como cestos, cocares, cerâmica entre outros. Inclusive os índios tinham técnicas próprias de produção artesanal contando inclusive com o uso de pigmentos naturais para criar uma ampla gama de cores e padrões. O Brasil é um país reconhecido como um dos mais ricos no tocante a produção artesanal.
A Nova Valorização do Artesanato
A Revolução Industrial é um processo que se mantém em curso até os dias de hoje, contudo, atualmente seu foco está no desenvolvimento de novas tecnologias de automação e de conexão. No entanto, algo curioso de observar é que o aumento do alcance tecnológico fez com que houvesse uma maior valorização do trabalho artesanal. Há alguns anos que itens confeccionados manualmente e em menor escala tem sido vendidos por preços mais elevados devido ao entendimento de maior valor agregado.
A possibilidade de produzir uma quantidade escalável de vários itens criou nas pessoas uma urgência por produtos que são desenvolvidos de forma mais rústica e simples. Além disso, o artesanato tem algo que torna esse trabalho ainda mais especial, o fato de que mesmo quando o artesão tanta produzir várias peças iguais não consegue, pois cada peça manual é única com suas próprias características e particularidades.
Potencial de Ganhos Financeiros
Trabalhar com artesanato, atualmente, pode ser uma excelente fonte de renda, várias áreas aceitam bem produtos manuais. Acessórios como bijuterias e bolsas feitos a partir de trabalho manual fazem grande sucesso no mercado, especialmente quando feitos a partir de matéria-prima natural como folhas e fibras, por exemplo. Trata-se de um tipo de trabalho com grande valor agregado.
O Brasil é um dos países com maior potencial para a produção artesanal devido a sua grande riqueza de matéria-prima e a criatividade do seu povo que enfrenta as dificuldades usando o seu talento para reinventar tudo a sua volta. Para quem busca uma colocação no mercado é válido retomar os hábitos de produção artesanal de antes da Revolução Industrial.
Gostou de saber mais sobre a história do artesanato em paralelo a Revolução Industrial? Curta e compartilhe em suas redes sociais!
