Peças de Argila de Jequitinhonha

No norte do estado de Minas Gerais está localizado o chamado Vale do Jequitinhonha, que recebeu este nome por causa do rio que banha a região. Cerca de um milhão de pessoas vivem nesta, que é tida como a região mais pobre do país. A aridez da maior parte do solo, causada pela seca, dificulta o plantio.

Entretanto, apesar de toda a dificuldade enfrentada pela população local, uma forma de arte nasceu na região: a cerâmica. Diversos artesão começaram a criar peças utilizando barro. Inicialmente, eram feitos objetos para uso doméstico, como cuias, jarras, moringas, panelas, etc. Com o passar do tempo, os objetos decorativos foram ganhando espaço e hoje se tornaram uma arte reconhecida em todo o país.

Objetos Decorativos em Argila

As peças decorativas, chamadas de enfeites pelos moradores locais, feitas em cerâmica no Vale do Jequitinhonha geralmente possuem formas de animais, pessoas e outros ícones da cultura regional. Os detalhes coloridos das obras são feitos com pigmentos naturais, muitas vezes extraídos do próprio barro.

Tanto os objetos de decoração quanto os vasos e as peças utilitárias são finalizados em fornos a lenha, local em que recebem a secagem, o que dá às peças um toque ainda mais especial de cultura e raiz jequitinhonhense.

A Importância da CODEVALE

Em 1970 nasceu a CODEVALE (Comissão de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha), uma instituição que, como o próprio nome diz, trabalhava em prol do desenvolvimento da região. Então, como uma forma de fazer com que mais pessoas conhecessem o trabalho em cerâmica dos moradores do Vale do Jequitinhonha, a CODEVALE passou a levar as peças para grandes cidades, como Belo Horizonte, para vender.

O trabalho realizado pela comissão fez com que o trabalho em argila se tornasse mais conhecido e isso serviu como um grande incentivo para os produtores locais. As pessoas passaram a ter interesse por esse tipo de arte, por sua forma de produção e isso trouxe uma melhora significativa na vida dos moradores do Vale.

Além da cerâmica, o Vale do Jequitinhonha também produz outros tipos de artesanato, como cestas, estátuas feitas em madeira, pinturas, tecidos bordados, peças em couro e mais uma infinidade de objetos. Como se trata de um rio que engloba várias cidades, cada uma delas tem o seu forte, que é a área em que mais se destaca. Quando se trata de arte com argila, as cidades que são as maiores produtoras são: Araçuaí, Caraí, Itaobim, Itinga, Joaíma, Minas Novas, Padre Paraíso, Santana do Araçuaí, Taiobeiras e Turmalina.

Como as Peças em Argila São Confeccionadas

A confecção das peças se inicia com a coleta da argila que será utilizada. Como há uma grande variedade, que se diferencia por cor e textura, elas são coletadas e mantidas separadas, até que seja destinado o fim de cada uma. Os locais em que mais se coleta a argila são os pequenos rios e áreas de grande umidade. O transporte é realizado com cestas e a armazenagem se dá com o uso de folhas de bananeira cobrindo cada uma delas.

Antes que a argila comece a ser usada na criação das peças, ela passa por um processo de verificação de características como pureza, textura e umidade. Visto que cada tipo é indicado para a confecção de peças ou detalhes diferentes. Quando a argila está mole demais, é utilizado um pó feito a partir da casca de uma árvore chamada caripé. Então, acrescenta-se o pó e mais água, conforme a necessidade é sentida.

Depois de pronta, a massa é deixada sobre folhas de bananeira para descansar até que esteja no ponto certo para ser utilizada. Então, a argila é moldada no formato desejado, é deixada para secar levemente, polida e só depois levada para o forno. Depois de completamente secas, as peças recebem a pintura.

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Categoria(s) do artigo:
Cerâmica

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