Algo bastante interessante e curioso é que o bordado manual é uma representação cultural presente em quase todas as sociedades humanas. Existe uma ampla gama de pontos, técnicas, motivos e formas de aplicação. O bordado de cada povo tem muito a dizer sobre os seus costumes e estilo de vida. Esse trabalho pode estar ligado a questões religiosas, geográficas, rotas comerciais entre outros fatores.
Ficou curioso para conhecer os pontos de bordados antigos, mas antigos de verdade? Então continue lendo para saber mais sobre a história dessa arte manual. Bordados te uma grande história para nos contar.
Bordado a Mão na Pré-História
Não é possível precisar quando o bordado foi criado, no entanto, existe o consenso de que a técnica sempre esteve inserida na história de sociedades humanas. Em cavernas da Europa Ocidental foram encontradas agulhas de osso e grânulos de sementes. Esses itens foram datados como sendo do paleolítico, uma indicação de que os trabalhos manuais com agulha sempre foram companheiros do ser humano.
É importante ressaltar que nessa época não eram bordados de acordo com o que entendemos atualmente como bordados. Isso que nossos ancestrais pré-históricos faziam em suas cavernas foram os antecessores de trabalhos manuais envolvendo agulhas como o crochê, bordado entre outros.
Certamente essas agulhas foram forjadas para resolver uma demanda prática que esses povos tinham. Para se proteger do frio eles usavam peles de animais ou tecidos fabricados artesanalmente, para unir as partes dessas vestes eram usadas às agulhas. Durante muito tempo é bem possível que os povos pré-históricos tenham usado as agulhas apenas para resolver problemas práticos, porém, num dado momento alguém deve ter percebido que poderia também usar aqueles instrumentos para fazer lindos desenhos.
Surgimento do Bordado
Conforme o tempo foi passando e o ser humano foi evoluindo começou a ter uma forte necessidade de compartilhar as suas histórias e ornamentar os objetos do dia a dia. O bordado foi uma das maneiras encontradas para satisfazer essas necessidades. Para que as histórias pudessem ser contadas e recontadas foi preciso ir criando e adaptando os pontos de bordado. Cada povo e cultura que tem o bordado em sua história contribuiu de alguma forma.
Bordados à Mão Clássicos
Os pontos de bordado foram usados em diferentes momentos da história humana para registrar o que havia de mais relevante em cada cultura como guerras, rituais, acontecimentos, passagens impactantes e até mesmo descobertas científicas. Dentre os bordados que podem ser mencionados como clássicos estão: Rococó, Haste, Caseado, Matiz, Cheio, Chavão, Sombra, Atrás, Alinhavos, Correntinha e Paris.
Peças Bordadas Mais Antigas
As peças bordadas à mão mais antigas já encontradas e registradas são do Egito. Podemos mencionar ainda algumas tessituras da Grécia Antiga e peças de roupas de lã que foram datadas como da Idade do Bronze. Na China foram criadas gazes e sedas bordadas à mão com caráter profissional.
Durante o século 4 a.C. os temos religiosos se tornaram os principais nos trabalhos de bordados manuais. As bordadeiras indianas se concentravam em bordar flores e animais. O trabalho manual de bordado foi se espalhando criativamente indo da África para o Oriente Médio, depois para Ásia, Europa e por fim América.
A América do Sul contou com a influência de inúmeros povos que ajudaram a enriquecer a produção têxtil com técnicas distintas, pontos de bordados novos, adereços e suportes diferentes para tecidos. O Brasil se destaca por seu trabalho diferenciado de cestaria e trançados de cipós que são bastante recorrentes na Amazônia e no Cerrado. Essa produção tramada existia antes de Colombo chegar ao continente americano.
Bordados na Idade Média
Durante a Idade Média os bordados estavam presentes nas roupas de Papas, bispos e padres. Os desenhos tinham uma inspiração em povos orientais devido as Cruzadas. Nesse período já se considerava o bordado uma atividade doméstica das mulheres, porém, muitos homens também bordavam.
Inclusive um dos maiores bordados antigos já encontrados é datado do período entre 1070 e 1166, ele tem mais de 70 metros de comprimento e foi confecionado por bordadeiros e bordadeiras anônimos da Normandia, França. Esse trabalho é o sensacional Bordado de Bayeux feito a partir de fios de algodão e lã num pano único.
As cores são as que se tinha disponível naquele período, ou seja, ocre, marrom e branco. Os bordados ilustram algumas cenas da Batalha de Hasting quando a Inglaterra foi invadida pelos normandos em 1066.
Mecanização do Bordado
O bordado da Idade Moderna deixa de ser uma exclusividade das igrejas para chegar a roupas comuns. No entanto, ainda era algo acessível somente para quem tinha muito dinheiro haja vista que os fios e a tintura eram feitos por processo manual. Essa questão muda quando acontece a industrialização no fim do século 19. Esse processo ocorre inclusive no Brasil.
A invenção da primeira máquina de bordar é atribuída a um inventor desconhecido, em 1821, que trabalhava como operário. A máquina de costura diferentemente foi patenteada pelo seu inventor, Isaac Merrit Singer. A partir do século 20, no entanto, surgiu uma nova demanda por peças bordadas a mão. Há uma grande valorização do trabalho que tem a história de uma pessoa real no seu fabrico.
Bordando Com Um Novo Viés
O bordado ganhou um status diferente nos dias de hoje podendo estar presente em acessórios, roupas fashion, acessórios, arte entre outros. É possível perceber que pessoas cada vez mais jovens se interessam pela possibilidade de criar formas a partir da agulha dupla e fio. Isso provavelmente é um reflexo da busca pela individualidade e pelo manual que vem se intensificando nos últimos tempos.
Aprender os pontos de bordados antigos e as novidades criadas pelos bordadeiros modernos é uma forma de ter um trabalho mais consistente. Você pode criar pingentes com minibordados, quadros bordados para a parede, bolsas, sapatos, roupas entre outros itens com esse estilo. O mais legal é ter uma direção para que seu trabalho encontre uma lacuna para se encaixar. Bordar é contar uma história com as suas mãos por meio de uma arte cursiva.
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