De acordo com registros históricos o artesanato surgiu em cerca de 6 mil a.C., ou seja, acompanha o homem há muito tempo como uma forma de dar origem a ferramentas que tornam sua vida mais simples na prática. O significado de ser um artesão não mudou muito do momento de origem para os dias atuais, o que passou por uma profunda transformação foram as técnicas empregadas.
A seguir vamos contar um pouco sobre a história do artesanato, como esse trabalho foi crucial para o desenvolvimento de sociedades na Idade Média e de que maneira tornou-se um trabalho agregador de valor a peças confeccionadas manualmente num período em que a produção em larga escala é uma realidade absoluta. Vamos começar essa viagem pela história do artesanato?
História do Artesanato
O artesanato surge paralelamente a construção da história da própria humanidade, afinal desde o período dos mais primitivos hominídeos havia a necessidade de produção de bens de utilidade e uso cotidiano. Não demorou para que os homens tivessem também o ensejo de confeccionar adornos. Isso corroborou para o desenvolvimento criativo e produtivo do ser humano no tocante ao artesanato.
Foi no século 19 que a atividade artesanal passou a ter mais destaque sob o viés econômico para o ser humano. Nesse período o trabalho, bastante valorizado, era realizado em espaços chamados oficinas. Havia um artesão mestre que tinha como responsabilidade ensinar a um grupo de aprendizes, estes pagavam pela estadia, alimentos e roupas fornecendo mão de obra barata.
Por ser uma atividade de grande relevância e destacar-se dentre as preferências daqueles que buscavam por um trabalho foram criadas Corporações de Ofício. Essas organizações tinham como objetivo proteger os interesses dos mestres artesãos. No entanto, esses profissionais viram sua relevância e quantidade de trabalho decair consideravelmente com a Revolução Industrial.
Revolução Industrial: Declínio da Importância do Artesanato
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, no final do século 18 e início do século 19, e levou a uma grande desvalorização do trabalho artesanal. Se antes era necessário contar com a expertise de mestres artesãos – que conheciam todos os processos envolvidos na confecção de uma determinada peça para a produção de bens – após a Revolução Industrial bastava ter acesso à mão de obra barata em grande quantidade.
As grandes fábricas, munidas de maquinário de produção em série, contavam com inúmeros trabalhadores espalhados ordenadamente ao longo de linhas de montagem. Cada indivíduo envolvido no processo realizava apenas uma pequena tarefa, como apertar um parafuso, e em muitos casos os funcionários não tinham ideia do que estavam fabricando.
Por não ser mais necessário ter amplo conhecimento para realizar uma atividade de fabrico de bens teve início um processo de baixíssima remuneração para os trabalhadores e a difusão de um sistema de longas jornadas de trabalho, inclusive para mulheres e crianças. No século 19 muitos teóricos como Karl Marx e John Ruskin criticaram essa desvalorização do trabalho do artesão. Os trabalhadores não possuíam mais os meios de produção e nem detinham o conhecimento para a confecção do todo.
A Ressignificação do Artesanato
Na segunda metade do século 19, o designer têxtil William Morris, buscou uma forma de lidar com a desvalorização do trabalho artesanal por meio da criação do grupo de Artes e Ofícios. Um dos principais objetivos do grupo era investir no trabalho artesanal como uma oposição ao processo de intensa mecanização realizado pela indústria.
Ele é reconhecido como um dos principais responsáveis pelo revivalismo das artes têxteis artesanais no século 19. Ações como essa ao longo da história do desenvolvimento industrial foram relevantes pelo fato de dar um novo lugar de holofote para o trabalho artesanal. Nessa ressignificação o trabalho do artesão passa a ser um toque agregador de valor. Hoje em dia muitas pessoas preferem pagar mais por uma peça confeccionada por um artesão para ter acesso a algo individualizado e exclusivo.
Índios: Os Primeiros Artesãos Brasileiros
No Brasil os índios podem ser considerados como os mais antigos artesãos, pois quando os portugueses chegaram aqui se depararam com uma versátil arte de pintura com pigmentos de origem natural, cerâmica, cestaria, arte plumária na forma de cocares e outras peças de vestuário entre outras. Atualmente, o artesanato brasileiro é um dos mais interessantes e diferenciados do planeta sendo o responsável pelo sustento de muitas famílias e até de comunidades inteiras.
Mas, Afinal o Que é Ser Um Artesão? O Que Significa?
O conceito da profissão de artesão não sofreu mudanças ao longo do tempo, ainda se trata de um indivíduo especializado no fabrico de produtos por meio de processo natural ou com a ajuda de ferramentas. Para ser artesão geralmente é necessário ter expertise prática de alguma técnica e contar com certo arcabouço de conhecimento a respeito da arte em questão.
No período anterior a Revolução Industrial, o profissional artesão, era responsável pela produção em pequena escola de bens e produtos. Seu trabalho estava engendrado na lógica de associações de guildas ou corporações de ofício. Atualmente, ser artesão corresponde a produzir bens funcionais ou decorativos que recebem o nome de artesanato. Esses bens passam a ter maior valor agregado em boa parte dos casos pelo fato de serem exclusivos e produzidos com maleabilidade de personalização.
Conceitos de Artesão de Acordo Com Forma de Produção
A seguir apresentaremos alguns conceitos de artesãos de acordo com seu modo de produção.
Artesão Artista
Considera-se como um artesão artista aquele que utiliza a sua criatividade e conhecimento técnico para dar origem a peças que geral reflexão e sentimento de admiração em que as observa. Dentre alguns exemplos de artesãos artistas podemos citar os gravadores, talhadores, pintores, escultores entre outros.
Artesão (Produtor de Artesanato)
Basicamente esse tipo de artesão é aquele que trabalha na produção de peças artesanais em série, em muitos casos com o auxílio de ferramentas e mecanismos de origem rudimentar. O artesanato produzido por esse tipo de artesão tem como principal foco ser utilitário e não tem como primeira preocupação a beleza da peça. Podemos citar como exemplos cerâmicas ornamentadas produzidas manualmente usando ou não o torno de pé.
Artesão Semi Industrial
Trata-se do artesão que trabalha usando como base moldes ou outros processos de caráter semi industrial para dar origem a dezenas de peças iguais. Podemos exemplificar através de peças utilitárias de cerâmica feitas semi industrialmente como potes, tigelas, jarros e joias.
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