Desde há primeira década do século XX no Brasil, muitas mulheres da região norte do estado do Tocantins se dedicam a uma atividade penosa, desgastante e muitas vezes perigosa: a extração do óleo comestível do coco da palmeira babaçu.
Essas mulheres tinham uma rotina exaustiva e trabalhavam ativamente com machados e porretes para a quebra do coco, arriscando mãos e dedos para a extração do óleo, que constituía a sua única fonte de renda. Enfrentavam chuva e sol e se embrenhavam no mato, precisando logo após quebrar a dura casca do coco para extrair a amêndoa. Mas de uns tempo pra cá, essas mulheres encontraram uma forma muito melhor de lidar com a palmeira que sempre lhes forneceu o sustento de todos os dias.
Elas hoje formam uma associação que trabalha a palmeira na forma de artesanato, produzindo peças únicas e cobiçadas em todo o Brasil. Essas mulheres, chamadas de “quebradeiras de coco da palmatuba” incentivaram a produção desse artesanato em diversas partes do Brasil, e hoje as peças de decoração ou acessórios pessoais são reconhecidos mundialmente por sua beleza e sustentabilidade.
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A Natureza e a Arte
O babaçu é uma planta nativa brasileira e é abundante principalmente no norte e nordeste do Brasil, em especial nos estados do maranhão e Tocantins. Praticamente tudo é aproveitado pelo homem da planta, que, além de fornecer o caroço de onde é extraído o óleo comercial que para muitos é a única fonte de renda, também fornece as folhas que hoje são tão utilizadas para o artesanato brasileiro.
Pela nova tendência da sustentabilidade, o artesanato do babaçu é hoje muito bem visto pela comunidade e é muito rentável para aqueles que o pratica. As peças, que já são produzidas há anos, ganharam nova projeção nos últimos tempos, e muitas vezes as pequenas e simples peças tornam-se itens luxuosos.
A criatividade e a dedicação das artesãs do babaçu cria peças diferentes e exóticas, que acabam por serem únicas, e muito desejadas por todos que passam pela região do Tocantins e conseguem apreciar o trabalho.
Colares, bolsas, tapetes e muito outros objetos de decoração e de adorno pessoal são produzidos pelas artesãs, e não param nas lojas e barracas em que são vendidos. Segundo os organizadores da associação, nenhum produto fica por lá durante muito tempo, sendo que todas as peças são logo vendidas para compradores particulares ou lojas em outras localidades. As peças têm um aspecto natural e o cuidado de tudo aquilo que é feito à mão, sendo essa atenção especial e talento muito importante para a aceitação geral dos produtos.
Além de tudo isso, a geração de produtos e peças de decoração falam e muito pela cultura local, e realizam em tempo integral um apelo pela preservação ambiental em todo o país. E essa voz chega cada vez mais longe: através de instituições e de da própria associação das quebradeiras, as peças do babaçu são hoje enviadas para eventos e feiras internacionais, e desfilaram algumas vezes com grandes grifes na europa. Além disso, o artesanato foi enviado para uma feira de cosméticos na Itália, onde as peças priduzidas do babaçu decoraram um estande de exposição na feira. No Brasil, estandes de divulgação da associação das quebradeiras podem ser encontrados na feira anual de turismo, onde geralmente há uma quebradeira de carne e osso demonstrando todo o processo de extração da matéria-prima, ali bem na frente de todos que passam.
O estande é uma atração à parte, e com louvor tem sido usado para divulgar todo o processo de extração e o trabalho de artesanato desenvolvido numa região distante dos grandes centros, e nem sempre lembrada pela maior parte do país. Podemos perceber que cada vez mais as peças feitas com mãos habilidosas e principalmente com materiais naturais e extraídos de forma sustentável são aceitos pela sociedade e pela moda.
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O grupo de quebradeira do babaçu, que teve início de forma rudimentar, hoje ganha uma associação e uma estrutura que as permite trabalhar e exportar a sua arte, incentivando e reconhecendo a cultura e o artesanato brasileiros. Na associação hoje há uma fábrica de produção de sabonete, loja para venda das peças, espaço de produção do artesanato e alguns outros projetos agregados.
Devido a várias associações a parcerias, inclusive com o incentivo do Sebrae, a realidade das quebradeiras do babaçu hoje é diferente, e a alegria reina em seu trabalho, que fazem com gosto e dedicação. Não há mais a pobreza que antes imperava na região, e o aproveitamento da palmeira local é motivo de orgulho por todas elas. Mesmo a extração do óleo feita na associação não é mais realizada da forma sofrida que antes era praticada, e hoje todos os trabalhadores e trabalhadoras associadas ao projeto estão satisfeitos com os resultados.
A Associação e o Risco Ambiental
Hoje, apesar de todo o reconhecimento e apoio da comunidade, a associação das quebradeiras de coco de Babaçulândia corre perigo. Como sempre, apesar da comunidade incentivar e divulgar, não podemos contar com a mesma compreensão por parte do governo. A usina UHE Estreito, que ganhou o aval da nossa ilustre Presidente, será implantada e a área alagada cobrirá toda o bairro e as cidades próximas.
O lago da hidrelétrica cobrirá uma área de quinhentos e cinquenta e cinco quilômetros quadrados, o que ocasionará a separação da associação das quebradeiras, além é claro, de danos irreparáveis à natureza. O governo acredita que o preço do desenvolvimento do país é esse, e que deve ser pago(pela população, claro). Será pago aos moradores uma indenização para que comprem propriedades em regiões próximas, como se o dinheiro resolvesse os problemas de desmatamento, alteração no ecossistema e também na separação das quebradeiras, que não terão mais o local da associação de sempre.
Não sabemos se comprarão propriedades próximas uma da outra, e isso talvez seja um problema administrativo que a associação não consiga reparar. Torcemos sempre para que haja uma solução o caso, e que anos de trabalho não sejam jogados pela janela em tão pouco tempo, que quase um século de tradição não sejam destruídos pela ganância de políticos e empresários, que, ao contrário das quebradeiras, não dão valor ao que têm, precisando sempre de mais e mais.
GOSTARIA DE SABER SE VCS UTILIZARAM PAPEL MACHÊ OU OFF
UUUUUUUUUUUM CARA N SEEEEEI ACHO Q USARAM A PARTE DE TRAS DE UM TELEFONE PRA FAZER ESSES NEGOCIOS!!!