Artesanato: Qual É a Origem Do Crochê E Onde Ele Surgiu?
O crochê é um tipo de artesanato muito comum em vários lugares do mundo, em especial aqui no Brasil, onde antigamente ele era ensinado das mães para as filhas e dessa forma ia passando de geração em geração, se tornando cada vez mais popular. Como essa pratica de ensinar técnicas antigas de costura e bordado pelas matriarcas das famílias foi ficando cada vez mais incomum, hoje em dia não são tantos jovens que sabem como fazer crochê como antigamente, nos tempos atuais vemos o artesanato muito como uma atividade das “vovós”, mas nem sempre foi assim e antigamente ele teve os seus dias de auge.
Ainda que o conhecimento da sua técnica não seja mais difundido como antigamente, as peças feitas a partir dessa técnica continuam sendo muito procuradas, nas mais diversas aplicações imagináveis, seja em roupas, em peças para casa, como tapetes, colchas, capas de almofada, como jogos americanos, entre outros, são muitas as aplicações dessa técnica, que ainda conta com diferentes pontos, que por sua vez produzem diferentes efeitos finais, ou seja, a partir do crochê é possível fazer uma infinidade de produtos e peças diferentes.
Apesar de hoje conhecermos muito bem o que é o crochê somente olhando para esses produtos, principalmente porque eles se tratam de peças muito comuns nos dias de hoje, nem sempre foi assim e uma dúvida que pode surgir quando entramos no assunto desse tipo de artesanato é sobre as origens dessa técnica, que desde que nos entendemos por gente já existe entre nós, pois então vamos lá para a resposta, já que as suas origens remontam de muito, mais muito tempo atrás, em um período bem distante do que conhecemos na atualidade.
Primeiramente vamos esclarecer que hoje se usam agulhas de crochê, que podem ser de aço ou de materiais semelhantes, sendo uma outra opção as agulhas de plástico, mas o ponto é que no início, acredita-se que a técnica foi feita com as mãos e por muito tempo se manteve essa prática, somente um bom tempo depois é que as agulhas de crochê como as conhecemos entrou em cena, antes disso o crochê era produzido por diferentes povos apenas de forma manual e 100% artesanal.
Nos primórdios de aplicação dessa técnica, acredita-se que o crochê tenha surgido inicialmente na região da antiga Arábia, ou seja, na região da península arábica, onde hoje estão situados países tais como a Arábia Saudita, o Iêmen, a Jordânia, o Qatar, o Iraque, etc., no entanto, não foi por lá que a técnica se popularizou, segundo os historiadores é consenso que o crochê tenha viajado para a região do Tibete, quando ainda era uma técnica feita somente com o uso das mãos, onde se popularizou até ser descoberta por espanhóis, que levaram o crochê para a sua terra natal, se tornando popular na Espanha e mais tarde chegando a outras localidades do continente europeu.
Agora se você acha que essa é a origem absoluta do crochê, você está enganado, pois tem-se registro de aplicação da técnica do crochê em outras localidades, são elas a China e a América do Sul, em tribos de povos ancestrais, sim tal como as pirâmides, o crochê foi desenvolvido por diferentes povos, em diferentes lugares, povos esses que não tinham contato ou conhecimento uns dos outros, por muitos milhões de anos. Essas afirmações são feitas, por ter se achado a técnica do crochê na confecção de bonecas antigas e em peças achadas em comunidades ancestrais sul americanas.
A Popularização Da Técnica Até O Seu Status Atual
Apesar da sua origem remontar de muito tempo atrás, paravelmente povos a milhares de anos atrás já a usavam, a sua popularização e uso de forma mais comum e intensiva, se deu apenas já no século XIX, no continente europeu. Podemos afirmar a sua popularização neste período da história, porque se tem registro da técnica sendo citada em um livro lançado por volta de 1812, além de ter sido também citada de maneira mais oficial em uma revista da Holanda alguns anos mais tardes.
Apesar da beleza que tem as peças produzidas a partir do crochê, por muito tempo ela foi vista na Europa com um certo desdém, isso porque acreditou-se por um certo tempo que o crochê se tratava de uma mão de obra barata, o que de fato era, mas isso de forma nenhuma tirava o seu valor e a sua beleza como peça e como artesanato, mas acontece que a mentalidade fechada que se tinha na Europa naquele tempo, fazia com que a alta sociedade das cortes europeias não gostassem do crochê, por acharem que ele não passava de uma imitação da renda, que era altamente valorizada no período em questão.
Por causa do crochê ter ganhado essa fama de ser apenas uma imitação de algo que era mais valorizado pelas altas classes, ele foi sendo diminuído e deixado de lado aos poucos, passou a ser uma técnica feita e utilizada pelos mais pobres e que, portanto, não tinha valor real, por esse motivo cada vez mais o crochê foi caindo no esquecimento e perdendo o seu prestigio diante das sociedades ocidentais. Com exceção do período da corte da rainha Vitória da Inglaterra, quando ela por um tempo elevou o status do crochê, comprando e usando muitas peças feitas a partir desta técnica.
A grande reviravolta real para o crochê aconteceu apenas já no século XX, após a segunda guerra mundial. Foi quando finalmente ele ganhou o espaço que sabemos que ele tem nos dias de hoje. O que fez com que ele voltasse a ser o ponto alto das tendências é que após o período de guerra, houve um grande estimulo de volta dos valores “familiares e domésticos”, foi quando o crochê definitivamente entrou para a lista de habilidades que uma boa dona de casa da época deveria ter e aqui voltamos ao ponto inicial citado no texto, de que conhecemos o crochê como a técnica das nossas avós.
Isso acontece porque na época delas, o auge do pós guerra, se tornou muito aceito e indicado socialmente que se ensinasse as meninas valores “do lar”, técnicas manuais de artesanato estavam em alta entre esses tais valores, tal como o tricô e o crochê, uma das mais famosas duplas artesanais com linhas que se usa até hoje. Há uma leve tendência da técnica ser menos aprendida na atualidade, mas isso não quer dizer que ela não é valorizada, hoje ela tem o seu valor no mercado, tanto do ponto de vista financeiro, quanto do ponto de vista artesanal, apenas não é mais ensinadas pelas mães como no passado, já que hoje poucas são as atividades manuais ensinadas pelos pais, mas está tudo bem, cada geração tem as suas próprias particularidades e os seus próprios costumes, o mais importante é que o crochê continua presente entre anos, disponível em muitas peças lindas e de qualidade.